CEO do Atlético, Bruno Muzzi fala sobre acústica da Arena MRV

A Arena MRV, a mais nova casa do Atlético-MG, ainda não completou um ano desde sua inauguração oficial, mas já enfrenta críticas significativas em relação à acústica nos dias de jogos. “O som abafa, um lado não escuta o outro, não pressiona o adversário” são algumas das queixas dos torcedores nas redes sociais. Em resposta, o clube mineiro já tomou providências, contratando um especialista para melhorar a acústica do estádio.

O projeto arquitetônico da Arena MRV foi elaborado por Bernardo Farkasvolgyi, que conduziu todo o processo até o modelo final. No entanto, a responsabilidade pela acústica ficou a cargo da empresa Sresnewsky, contratada pela Racional Engenharia, que também trabalhou no Allianz Parque, estádio do Palmeiras. A empresa se concentrou na redução de reverberação e no conforto acústico, garantindo um ambiente adequado tanto para eventos esportivos quanto para grandes shows.

Para enfrentar o desafio acústico, o Atlético-MG contratou o professor Marco Antônio de Mendonça Vecci, especialista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para conduzir um estudo ambiental focado no ruído externo. Segundo o professor, a intenção é melhorar a experiência sonora dentro da arena, trabalhando com duas principais abordagens.

A primeira abordagem considera a instalação de refletores acústicos antes da cobertura do estádio. Esses refletores ajudariam a rebater o som da torcida para o lado oposto do estádio, aumentando a intensidade sonora e a percepção de união entre os torcedores. No entanto, essa solução apresenta desafios logísticos significativos e depende das condições climáticas para ser eficaz.

A segunda alternativa, mais prática, envolve o uso de alto-falantes já instalados na arena. A ideia é capturar o som da torcida com microfones estrategicamente posicionados e redistribuí-lo uniformemente pelo estádio através dos alto-falantes. Essa solução é mais fácil de implementar e aproveita a infraestrutura de som existente, necessitando apenas de ajustes no projeto de execução.

Bruno Muzzi, CEO do Atlético-MG, reconheceu o problema e detalhou os próximos passos: “Começamos um planejamento em dezembro de 2023. Não é um problema só, é um acúmulo de situações. Temos uma questão de uniformidade de cantos, de todos tentarem cantar ao mesmo tempo; precisamos coordenar esses cânticos. Também temos a questão da cobertura, que absorve parte do som. Estamos trabalhando para unificar as torcidas em um setor, para que o canto seja mais potente. Precisamos ajudar a melhorar essa coordenação.”

O clube já realizou testes com um sistema chamado “voice lift” durante o jogo contra o Flamengo, e os resultados foram promissores. Esse sistema, utilizado em estádios modernos, capta e redistribui o som de forma a garantir uniformidade e coordenação entre os torcedores, melhorando a experiência sonora de todos os presentes.

Rubens Menin, dono da SAF do Galo, também comentou sobre o tema: “Estamos trabalhando para melhorar aquela acústica. Não é tão ruim como se fala, mas também não é ideal. Como também o caso do gramado, que é um desafio, a gente até hoje não tem uma solução definitiva.”

O estudo acústico completo está previsto para ser finalizado até dezembro de 2024, com a implementação das melhorias programadas para 2025. O objetivo é proporcionar uma experiência sonora mais envolvente para os torcedores, transformando a Arena MRV em um verdadeiro caldeirão, onde a pressão da torcida possa ser sentida dentro e fora do campo.